sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Essa confusão política lembra Tanga

Essa semana foi politicamente uma confusão! Domingo teve a marcha contra corrupção, Segunda o ministro do STF tira Renan da presidência do Senado, na Terça ficamos sabendo que Renan ia se recusar a sair (contrariando uma ordem judicial!) até a plenária do Supremo decidir, e na Quarta que os outros ministros não concordaram com o colega e resolveram que Renan pode continuar na presidência do Senado, só não pode assumir a presidência da República (que seria uma das atribuições do presidente do Senado, mas por outro lado, na 2°feira se interpretou que não pode ficar na linha sucessória um réu de corrupção, e por isso tinha sido expedida o afastamento). Aí na Quinta ficamos sabendo que Renan tirou a urgência da votação sobre abuso de autoridade de juízes e promotores, ficando evidente que ele estava dando um agrado ao judiciário em troca do judiciário ter votado pela permanência dele no cargo.

Esse tipo de confusão lembrou o saudoso filme do Henfil, "Tanga - deu no New York Times". O filme fala de Tanga, o país exportador do minério tangaína, e a grande confusão política do país. Henfil tira sarro tanto da direita quanto da esquerda nesse filme (para vocês terem uma ideia, tem um grupo guerrilheiro de esquerda, que ao invés de se chamar "Cendero Luminoso", se chama "Pentelho Luminoso"!)

No final, a esquerda fica com o poder, mas da seguinte forma: O ditador de Tanga lê o jornal sobre a queda dele, e resolve fugir, quando chega o vice, ele vê que o general fugiu e sorrindo, pega o jornal, achando que está no poder, mas ao virar a página, lê sobre sua queda também, se assusta, e também foge! Chega outro, vê a sala vazia, vê o jornal, sorri, também achando que agora o poder é dele, vira a página do jornal, que também fala da queda deste! E assim a coisa vai se repetindo. Enquanto isso, os grupos de esquerda estão pensando em se render (tem vários grupos, cada um com um nome, e compostos por uma só pessoa - tiração de sarro do Henfil quanto à falta de união das esquerdas), mas ao chegarem no palácio do governo, de mansinho e com bandeira branca de renidição, reparam que não tem ninguém e aí, aproveitando o vácuo é que chegam ao poder!!

Se vocês refletirem, há elementos na vida real que atestam a atualidade desse filme: se pensarmos bem, a própria vitória de Lula poderia ser uma repetição das outras vezes que ele disputou e perdeu, mas nas eleiçõẽs de 2002, a presidenciável Roseane Sarney foi envolvida num escândalo e foi assim, nesse vácuo que a candidatura de Lula cresceu até chegar a vitória. A mídia, tenta ditar o futuro, e pode ser que haja quem desista de prosseguir quando a mídia fala mal, tal como a cômica sucessão de generais em Tanga. A revista Veja então se adiantou e estampou na capa a queda do venezuelano Chavez, mas essa queda não se confirmou, e o que deveria ter sido furo de reportagem virou barriga jornalística (na verdade considero o episódio bem grave, é também confissão de culpa de que a Veja estava articulada com os que queriam derrubar o presidente de um país vizinho, e isso deveria ter passado por investigação!).

A política continua é muito atrapalhada: a queda de Dilma se deveu muito à birra de Cunha, que fez retaliação aos petistas que queriam que ele fosse investigado. Na presente Semana, estamos vendo que o avanço no combate à corrupção envolve as birras, jogos de poder envolvendo presidente do Senado, ministro do STF, promotor, partido de oposição, etc.

Bom, vou deixar vocês com esse trecho genial de Tanga, e fica o convite para vocês verem inteiro (basta procurar no Youtube) e fazerem outras reflexões!


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