sexta-feira, 4 de setembro de 2015

REPLAY: Arrevista Satiagraha (comentando decisão Justiça 20/8/15)

Vi que saiu recentemente a decisão da Justiça quanto à Operação Satiagraha: ela foi anulada (http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/stf-confirma-anulacao-da-satiagraha-e-condenacao-de-protogenes-queiroz/)

Essa Operação com certeza  vai ficar para história...na época fizemos fizemos alguns quadrinhos, como esse:


Agora (2015) que a Operação foi anulada, podemos considerar, que tal como no quadrinho acima, o que foi investigado não será considerado.

Além disso fica evidente que a Justiça para ricos funciona de um jeito muito diferente da Justiça para pobres
(quanto à tortura http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL746972-5605,00-HOMENS+QUE+DIZEM+TER+CONFESSADO+CRIME+SOB+TORTURA+DEIXAM+PRISAO.html)


Era uma época curiosa: muito diferente de agora, em que se fala em Lava-Jato e se vibra a cada descoberta, se reclamava que a polícia investigava demais, e que assim acabaríamos numa "Grampolândia" (vide por exemplo o texto "Bem vindo à Grampolândia" http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/bem-vindo-a-grampolandia-b606ggp62q8zv1mffuja94hn2)
 "Termos como “Estado Policialesco”, “guardião” e “big brother” fundiram-se no conceito da existência de um país dentro de outro, a “Grampolândia”."

A posição da Veja? Bem, com um banqueiro sendo alvo de investigação... adivinharam??

 
Deixei a capa grande para vocês lerem a última linha: investigaram até a Dilma.

Ora, ora, hoje em dia o pessoal se esqueceu totalmente do perigo de vivermos numa Grampolândia e qualquer investigação que envolva a Dilma, por mais "tenebrosa" que fosse seria apoiada incondicionalmente pela Veja.


Aliás apesar da Polícia Federal ter sido criticada na época pelos métodos de investigação, a mídia nunca fez auto-crítica, é isso que quis dizer no quadrinho acima.

 Acima, se trata do assassinato de reputação.

Aliás, quando tava procurando por "assassinato de reputação", olha o que acho, mais uma coisa da época:
 (do dossiê do Nassif https://sites.google.com/site/luisnassif02/intocavel2)

A nota da Monica Bergamo está aqui: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1703200907.htm

Já em relação à garota que pichou a Bienal, se refere à isso aqui: http://www.revistaforum.com.br/blogdorovai/2008/12/12/caroline_presa_e_dantas_livre-_viva_a_justica_/

Pois é, lá em cima o quadrinho mostrou que o rico não pode ser algemado, enquanto o pobre pode ser torturado e ficar anos preso. E classe média (caso da garota)? Fica 53 dias presa, mesmo com o Ministro da Cultura Juca falando para soltar. Já o Dantas é preso e solto 2 vezes em questão de 48 horas:

 (comentário da BBC de Londres, vide Wikipedia sobre a Operação: https://pt.wikipedia.org/wiki/Opera%C3%A7%C3%A3o_Satiagraha)

(acima, da RBS http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2008/12/apos-53-dias-presa-estudante-que-pichou-bienal-e-solta-2340101.html)


E por fim a última tira da série, que foi baseada na resposta do Juiz De Sanctis:
"Saliento, outrossim, que o sigilo dos processos surgiu no Século XIV para proteger aqueles que acusavam pessoas vinculadas ao rei e que, por isso, poderiam sofrer represálias." (http://www.conjur.com.br/2009-jul-21/leia-decisao-sanctis-contesta-publicidade-restrita-autos)

CONCLUSÃO

Enfim, agora em 2015 a Justiça anulou a Operação Satiagraha, que pretendia prender o Banqueiro Dantas, e tinha suscitado o "pavor" de vivermos numa Grampolândia, estado policialesco... no texto Bem-vindo à Grampolândia vê-se que o deputado Itagiba (PMDB) falou até em nazismo:

Aliás, é mais ou menos dessa época a prisão da dona da Daslu, Eliana Tranchesi condenada a 94 anos de prisão:
Novamente a Justiça sendo contestada em caso de prisão de ricos...
E que também virou quadrinho:


Bem, então o delegado de investigador passou a investigado, pelos excessos. Ao que tudo indica, realmente havia exageros, vide http://www.fabiocampana.com.br/2009/03/protogenes-bisbilhotou-ate-a-vida-amorosa-de-dilma/, embora na minha opinião, hoje em dia não há garantia de que outros delegados estejam fazendo os mesmos excessos. E o pior, se ele foi criticado por bisbilhotar até a Dilma na época, hoje em dia isso seria naturalizado (desde que seja contra o PT até golpe de Estado estaria valendo...).

Enfim, não fica a sensação de que as críticas da época à Grampolândia serviram para melhorar alguma coisa, até na questão de espetacularização das investigações e vazamento de informações a jornalistas (alguns dos argumentos para condenação do ex-delegado Protógenes), o que se vê hoje são coisas como o vazamento seletivo da lista do Youssef (mais PT e pouco PSDB), o que culminou em coisas como essa espetacularizada capa da Veja (edição extra da Semana das eleições, em outubro 2014)
A Veja foi condenada pela Justiça Eleitoral a oferecer espaço para direito de resposta, por causa dessa edição que tinha o propósito de tumultuar as eleições com notícias vagas (eles teriam ouvido Youssef dizer, mas logo depois o advogado dele negou - se quiser entender vide http://www.revistaforum.com.br/blogdorovai/2014/10/25/veja-desmacarada-tse-da-direito-de-resposta-ao-pt-e-veja-tera-de-publicar-hoje/).

E como disse, está sendo seletivo, pois agora é que aparece o lado do PSDB http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2015-08-25/aecio-recebeu-propina-de-contratos-de-furnas-afirma-youssef.html

Protógenes está descontente com a a anulação da Operação, para ele, houve inversão de valores. Acho que se houve excessos, o ex-delegado tem de pagar (e está pagando com serviços comunitários), mas anular uma operação para desconsiderar as evidências já encontradas é complicado, não deveria ser assim.

E se amanhã anularem as operações contra o PT (com base em argumentos que anularam o Satiagraha), não vou mudar de opinião achando que é o certo, pois a Justiça continua sendo diferente para os ricos. A mídia na época da Grampolândia dizia que não estava apoiando Dantas, mas alertando sobre os perigos policialiescos para o cidadão comum, o que defendo é essa pauta que a própria midia esqueceu: que a Justiça seja equilibrada e vá se aperfeiçoando com o tempo.

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